domingo, 9 de fevereiro de 2014

Lego.

Acredito em amores eternos. Desde que sejam mutantes. Amores que são um misto de Wolverine com Mistica. Se regeneram, se modificam, se rasgam inteiro e ficam loucos, mas no fim são indestrutíveis. Esses são os amores nos quais eu acredito. Aqueles que são feitos um dia após o outro, são construídos, destruídos e reconstruídos. E não falo aqui só do amor entre um homem e uma mulher, ou melhor ainda, o amor de dois amantes que não pertencem à mesma família. Porque chamar de "Amor de homem e mulher" um amor que pode ocorrer entre dois homens, ou duas mulheres, é algo meio sem sentido. Na verdade, tentar classificar o amor de outra maneira que não seja "amor" é uma verdadeira estupidez. Não dá pra dizer que eu amo alguém mais do que eu amo outrem. Talvez as relações sejam diferentes, talvez tenha uma coisa aqui que não tem ali. Mas dizer que ele é maior aqui do que é ali, que ele é mais forte aqui do que é ali é como desdizer o amor. Não consigo determinar quem eu amo mais, entre minha mãe, meu pai ou minhas irmãs. E não sei quem eu amo mais entre os meus melhores amigos. Na verdade não sei nem se amo mais entre meu pai, minha mãe e meu melhor amigo. Eu daria um rim por todos eles, talvez até mesmo um dos pulmões, se não os dois. E quando eu nasci talvez eu não amasse meus pais. Assim como eu te garanto que existam filhos e filhas por ai que não amam os seus. Não os amo por serem meus pais, são meus pais por azar deles ou sorte minha, são meus pais porque eles assim quiseram. Sim, eles. Não Deus ou o diabo ou qualquer outra pessoa e sim eles. Meus pais decidiram que eu seria seu filho. Podia ter rolado um aborto ali, ou até mesmo depois de nascido eu poderia ter sido entregue para a doação. Mas eles escolheram me criar e me amar e me explicar que amor é algo construído. Dia após dia.

Paixão é uma casa feita com caixa de papelão de geladeira, vem praticamente pronta é só cortar uns lados com uma faca de serra pra fazer as portas e as janelas. Amor é um castelo de Lego em tamanho real, feito peça à peça, dia após dia. E a força dele reside nisso. Não é algo sobrenatural e mágico que ataca o ser humano de uma hora pra outra. E não é algo que se desfaz com uma traição, uma mentira, um engano, uma palavra mau encaixada. Não é algo que desfaz com distância, com tempo, ou com qualquer outra coisa que exista nessa terra. É algo que se desfaz quando nós queremos que ele se desfaça. O que pra mim também não faz o mínimo sentido. Mas deixemos isso pra outro dia. Mas amor não é nada disso do que eu disse que era. Afinal de contas, quem sou eu pra dizer o que é o amor? Nem Camões conseguiu explicar, nem Renato Russo, nem Jesus, nem ninguém. Não dá pra explicar porque não é pra ser explicado. Ou como diria um trechinho de um poema do Alberto Caeiro/Fernando Pessoa: 

"Porque quem ama nunca sabe o que ama 
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ... 
Amar é a eterna inocência, 
E a única inocência não pensar..."

Entendeu? Eu não...