Há dias nos quais eu fico lembrando de como as coisas foram antigamente e como algumas eram melhores e outras piores, lembro da minha arrogância e da minha petulância e da sua luta em me mostrar que o mundo não devia lidar com a minha pior fase e eu muitas vezes te negava e te deixava de lado pra voltar no dia seguinte. Tem horas que eu sento e acho que você é o meu futuro, lindo, maravilhoso e extremamente turbulento, tem horas que eu penso em você e os cabelos da minha nuca se arrepiam inteiro só de imaginar que um dia lá na frente nós estaremos juntos em uníssono e eu terei concluído mais um sonho. Hoje é um daqueles dias nos quais eu acordo e fico sem ter opinião sobre isso. Acho que porque é domingo e os sonhos costumam morrer afogados nos copos de cerveja do sábado ou justamente porque é domingo e os sonhos costumam se multiplicar nos copos de cerveja do sábado.
O que eu sei é que ontem eu fui tomar banho com você na cabeça, pensando em como seria meu futuro se eu de fato me dedicasse a ti em vez de perder tanto tempo correndo atrás de tantas outras coisas. Por que não me dedicar extremamente mais à minha paixão no lugar de ficar caçando coisas a mais pra fazer? O problema disso tudo é que eu te conheço tão bem quanto eu conheço a mim mesmo e eu não sei nada sobre mim. É estranho olhar pra algo que você julga entender e compreender e no fim perceber que esse algo é um vácuo desconhecido. Eu sei que eu andei mancando feio nos últimos anos e te deixando de lado, te esquecendo aos poucos, mas olhe e vê tudo o que eu escrevi no último mês. Não é muito, eu sei, mas é tudo de coração. E tudo o que foi feito antes também era de coração, porque é em você que reside um bom pedaço do meu coração. Você é sim minha paixão, mesmo depois de eu ter dito que não era. Mesmo depois de tudo o que a gente passou junto, das brigas e discussões e das noites em claro tentando te entender enquanto olhava pra tela do computador e via uma página em branco esperando pra que eu vomitasse algo ali.
Eu sei que você já teve outros e muitos deles eram realmente bem melhores do que eu, mas eu te peço uma chance porque sei, também, que você faz parte do meu futuro, é o que eu quero pra mim, eu sei que é contigo que vou ser feliz. Não é sendo engenheiro, nem músico, nem piloto de avião. Eu serei feliz sendo escritor, cronista, jornalista, contador de história, blogueiro, colunista. Eu serei feliz ao seu lado, porque você, senhora Escrita, me pegou pelo meio do peito quando eu tinha dezessete anos e me mostrou um mundo inteiro no qual eu podia fazer o que eu quisesse. Portanto, moça, você que já se deitou tantas vezes com Bukowski, com Brown, com Hemmingway, Poe, Drummont, Assis, Gayman, King e tantos outros, vem comigo... Eu vou te levar pra alguns cantos estranhos dentro da minha mente e te usar pra mostrar ao mundo o que eu penso. Hoje faz exatamente quatro anos que a gente vem dançando essa dança estranha, quatro anos de confusão, ódio e amor, quatro anos produzindo coisas que foram roubadas, quatro anos me deitando com outras que não me dariam o que você me deu, quatro anos vivendo sem me dedicar direito à você e te vendo como algo não tão importante assim. Me desculpa e me dá a mão que a gente tem um lindo futuro pela frente.
Quatro anos desde que parimos essa criança aqui que já mudou de nome e cara várias vezes. Quatro anos desde que eu te conheci, sentado em um balanço num parquinho infantil do outro lado do mundo. Te conheci não, eu te inventei, eu te descobri em mim mesmo, numa tentativa alucinante de fugir da solidão, com um livrinho verde na mão e uma caneta com a bundinha mordida. Quatro anos. Sabe-se Deus lá quantas páginas, sabe-se Deus lá quantas ideias perdidas em meio à esse turbilhão que é minha mente, por eu te deixar pra depois vez ou outra. Quatro anos... E vamos lá, temos dez vezes isso pra viver um com o outro ainda.
Quatro anos desde que parimos essa criança aqui que já mudou de nome e cara várias vezes. Quatro anos desde que eu te conheci, sentado em um balanço num parquinho infantil do outro lado do mundo. Te conheci não, eu te inventei, eu te descobri em mim mesmo, numa tentativa alucinante de fugir da solidão, com um livrinho verde na mão e uma caneta com a bundinha mordida. Quatro anos. Sabe-se Deus lá quantas páginas, sabe-se Deus lá quantas ideias perdidas em meio à esse turbilhão que é minha mente, por eu te deixar pra depois vez ou outra. Quatro anos... E vamos lá, temos dez vezes isso pra viver um com o outro ainda.