quarta-feira, 4 de setembro de 2013

"Ah mainha, deixa o ciume chegar..."

Então você chega em casa e tem um cara sentado no seu sofá com uma espingarda calibre doze engatilhada e apontada em sua direção, você abre a porta de vidro da sala e entra. Ele fica te olhando e dá o tiro. No meio da sua fuça.

Podia ser assim, mas era só o Leandro Léo cantando João de Barro no som da sala. Tem horas que eu acho que um tiro de doze dói menos do que doze segundos de memórias.
Somos todos ensinados pela filosofia, a Globo e os livros do Augusto Cury a seguir em frente e viver as nossas vidas. Mas graças à evolução ou graças à Deus ou ao Diabo, sei lá, nossos cérebros são dotados de partes feitas exclusivamente pra que nós possamos olhar pra trás e lembrar das coisas, assim como somos dotados da capacidade de criar cenários de possibilidades e analisar qual o "melhor" caminho a seguir - onde melhor é o que vai nos fazer sofrer menos e nos trazer mais recompensas e recompensa aqui é felicidade semilíquida do tipo não sintética, preferencialmente.

Mas somos capazes de criar felicidade. A chamada Felicidade Sintética, e conforme nossos caminhos vão se fechando e as possibilidades vão diminuindo a nossa capacidade de criação de Felicidade aumenta e no fim felicidade é felicidade assim como amor é amor.
O problema é que ainda restam as tais memórias. Lembrar não é opcional, sofrer por lembrar é. E é fácil falar isso. A força necessária pra não sofrer só de lembrar de um sorriso ou uma voz ou um cheiro ou um carinho é algo que supera, em muito, a força do Hulk em dias de congestionamento. Não é fácil, por maior que seja o seu treinamento em PNL, suas capacidades de desmontar e remontar seu cérebro, de moldar e remodelar as coisas que você pensa ou faz, a lembrança fica. Você pode até recaracterizar a lembrança, torná-la algo menor, mas ela sempre existirá ali, como uma mosca vagando dentro do seu cérebro pronta pra, justamente quando você não quer, começar a zumbir e gritar e voar freneticamente.

O ponto problemático da vida se dá quando você sabe exatamente o que você quer e tem um pedaço seu dizendo que esse caminho não é o melhor caminho, não é o caminho com maiores chances de sucesso, é exatamente o que você quer com todo o seu masoquismo emocional e toda a sua bagagem de alguém que precisa amar pra viver, mas o lado estranho do seu cérebro diz que não. A lógica te diz que seguir esse caminho não vai te levar pra lugar nenhum. E o problema é esse, a parte pseudo-lógica do cérebro nem sempre está certa, ela falha, ela erra, você tinha um objetivo, você tinha um plano e tudo mudou, você tinha uma maneira de ver e viver a vida e agora tudo mudou, de novo, mas parece que você "evoluiu" uma evolução ruim. E isso te faz lembrar das aulas de Origem da Vida e sua professora dizendo que nem toda evolução era algo positivo, uma mudança que te mata pode ser considerada evolução do ponto de vista biológico. E uma mudança que, aparentemente, mata o seu amor. É o que?

Tem horas que eu acordo com vontade de pegar uma bicicleta e sair correndo até reencontrar meu centro, me jogar de novo no meio daquele colo e olhar de baixo pra cima aquele par de peitos e ficar admirando a tatuagem que existe entre a costela e um deles. Mas não, esse não é o "melhor" caminho e te resta agora levar a vida adiante porque adiante é longe do passado e mais perto do futuro. Futuro... Acho que é a palavra mais hilária do universo.

- Sobe o ego,
abaixa o som,
levanta a cabeça
e vai ser feliz.