quarta-feira, 5 de junho de 2013

"Pintura Rupestre."

Ela me mandou um texto pra ler, de algum colunista da Folha, sobre recordações. Era um diálogo rápido entre o colunista e um taxista, se vocês quiserem depois é só caçar que acha, não vou colocar o link pra dar trabalho pra vocês.
O texto fala sobre recordações, fotografias no caso, e deixa pra trás uma dúvida realmente muito pertinente e que me fez pensar em mim mesmo e no meu pai. Sempre meu pai.

Eu tenho meia dúzia de várias fotos minhas, tiradas por mim mesmo, usando a webcam do meu note, contra um fundo branco. Várias facetas de um Lucas Casasco que todo mundo conhece, várias caras e bocas e acessórios inusitados, óculos, barbas diferentes, caretas. Todas em preto e branco e com um tamanho padrão... É, alguns dirão que é arte, outros dirão que é loucura mesmo. Eu, particularmente, gosto de explicar que aquilo ali é a essência de quem eu sou. Uma coisa estranha e mutável que nunca é o que era no momento anterior, mas não deixa de ser o que é pra se tornar outra coisa. Não é uma lagarta que vira casulo que vira borboleta, é algo mais complexo que muda sem mudar nada, que deixa de ser sendo e vai seguindo mesmo quando está parado.
Ok, normal... O que acontece é que eu odeio tirar foto e eu falo isso o tempo todo. Você nunca vai me ver tirando foto de mim mesmo, com o palco do show de algum cantor que eu realmente gosto fazendo plano de fundo, porque eu acho que fotografia é algo que deve ser tirada de dois jeitos: ou de maneira consciente - que é o caso das fotos do meu facebook que são praticamente milimetricamente pensadas - ou de maneira inconsciente que é quando alguém vira e fala "Olha a câmera!" e geral olha e não precisa fingir sorriso, porque de repente a foto sai!

O que me dá raiva em foto e o que me tira o tesão total é essa ideia de que se você vai tirar um fotografia todos tem de se reunir em uma posição estratégica, sorrir e fazer cara de que aquele é o melhor momento da vida da pessoa e isso me "enoja". Ok, foda-se as aspas, isso me enoja mesmo. Sem aspas...
A fotografia se torna, nesses casos, o ápice da hipocrisia humana. Algo que era pra ser feito pra registrar um momento se torna a eternização do congelamento de um momento e não do momento em si.
Mas não era sobre isso que eu vim falar quando comecei a escrever esse texto, eu queria falar de amor, de propaganda e de coincidências amorosas. Mas deixa pra amanhã... Hoje eu vou só deixar esse pedido pra vocês, é coisa simples. Próxima vez que forem tirar foto, não parem na frente da câmera com cara de sorriso e tirem a foto. Simplesmente tirem, eternizem o momento, foto surpresa é sempre mais legal, é mais real, é mais espontâneo, mesmo que naquele momento a sua prima gorda esteja sentada com cara de tacho lá no fundo da sala porque ninguém quer falar com ela. Quem sabe no futuro ela vai ser uma empresária de sucesso e usar aquilo em palestras motivacionais! Porque o momento em si foi eternizado e não o sentimento falso o qual todos queriam passar.

Lembrem-se disso. Se não for algo planejado e feito pra ter um sentido fotográfico específico, tire de qualquer jeito. Vai ficar melhor.