Ele ficou andando de uma lado pro outro um tempão e eu só sou o narrador e narradores não fazem nada nessas horas. A gente tem que se lembrar que caso eu interferisse e resolvesse perguntar eu deixaria de ser narrador e virar narrador personagem e não é essa idéia.
Ele continuou andando de um lado pro outro e eu alí sentado na minha com o note no colo batendo no teclado e ouvindo Bide ou balde enquanto observava ele a andar de um lado pro outro enquanto tentava concluir qual era a meta daquele ser alí a andar feito tonto de um lado ao outro.
Parou perto da lata de lixo, olhou lá dentro e voltou a andar, sempre inquieto e apresado mas sempre sem rumo, chegava a ser engraçado... Ele em sua roupa social, de fraque às duas da manhã em uma estação de trêm e andava, com suas luvas brancas nas mãos e eu alí só observando aquele que seria o mais novo personagem central de uma das minhas histórias.
E então ele parou, ficou me olhando e eu fingi que nada estava acontecendo, desviei o olho dele e voltei pro computador, amo a minha habilidade de escrever sem olhar, desse jeito eu posso ficar observando as coisas e digitando sobre elas sem precisar me desconcentrar. Ele parou de me olhar e encarou um cachorrro, um salsichinha preto que passou em sua frente, o cachorro olhou pra ele e grunhiu, ele bateu o pé e o cachorro não correu.
Em vez de correr o cachorro, que era bem pequeno, ameaçou ir pra cima e continuou grunhindo, ele bateu o pé de novo e fez cara feia mas não resolveu o cachorro se pos a latir. Ele foi ficando sem jeito e descontrolado diante aquela situação, aparentemente ele não sabia lidar com seres maiores que sí mesmo porque ele era grande para uma barata mas não era do tamanho de um cachorro.
O cachorro avançou, ele bateu asas e foi pro teto da estação onde continuou a sua andança de um lado para o outro mas dessa vez de ponta cabeça.
Beijos beijos
Lucas Casasco, um brasileior em Taiwan.