Então, ontem eu falei sobre ter chegado em Taipei...
Encontrei com os caras, entramos em uma loja de sapatos porque um deles queria comprar sapatos e escolheu aquela loja de sapatos para comprar sapatos já que ele queria porque queria comprar os tais sapatos.
Enquanto estávamos lá eu ouvi, de um deles, uma história sobre um roubo que havia acontecido, há uns quinze minutos atrás. Minha reação foi de espanto pois eu nunca ouvira falar de roubos, furtos ou assaltos aqui em Taiwan.
Sei de gente que teve a bicicleta trancada na escola, eu, sei de gente que já foi puxado pra dentro do banheiro masculino e forçado a fumar cigarro, eu, conheço gente que já quase perdeu o notebook na estação de trem, eu. E conheço gente que já deu a bunda, esse não sou eu.
Agora, roubo, furto, assalto e etc. desconhecia casos sobre isso até sexta-feira passada.
Vou resumir toda a história para vocês de quatro pontos de vista distintos:
A mãe.
O ladrãozinho.
O cara que foi roubado.
Eu.
O cara que foi roubado:
"Negão! Eu tava alí na loja e pá né? Ai veio o cara, um molequinho de merda, e pegou minha bolsa né negão?! Pô, minha bolsa da Louis Vuitton negão! Achei que o cara estava enganado e pá né e já gritei: "Hey Man! It's my bag!" ai o cara começou a correr negão!
Saí atrás do cara e tals e fui correndo e gritando: "Tu vai perder playboy! Já rodou! Já Rodou!" em português mesmo, ai dei um totózinho no pé dele, de leve sabe? Só pra ele cair mesmo, ai ele jogou minha bolsa e pá e eu já peguei e já entreguei pro vendedor da loja que vinha me seguindo já correndo atrás de mim e tals. Só que nisso eu perdi tempo e o cara saiu correndo, só que tinha um tiozinho de bicicleta seguindo ele e depois chegou um motoboy e o cara acabou sendo cercado e pego na porta da delegacia.
Saí atrás do cara e tals e fui correndo e gritando: "Tu vai perder playboy! Já rodou! Já Rodou!" em português mesmo, ai dei um totózinho no pé dele, de leve sabe? Só pra ele cair mesmo, ai ele jogou minha bolsa e pá e eu já peguei e já entreguei pro vendedor da loja que vinha me seguindo já correndo atrás de mim e tals. Só que nisso eu perdi tempo e o cara saiu correndo, só que tinha um tiozinho de bicicleta seguindo ele e depois chegou um motoboy e o cara acabou sendo cercado e pego na porta da delegacia.
O ladrãozinho:
"........................."
A mãe:
"Nossa! De repente eu vi o Patrick sair correndo e o Ruquinha (irmão do Patrick) falou: "Mãe, o Patrickão é burro mesmo..." ai que que eu pensei né? O meu filho sai correndo com um pé de tênis na mão e o vendedor sai correndo atrás já pensei que um vendedor tinha ido pegar o mesmo par de sapato, mas de número maior, em outra loja e o Patrick, meio burro do jeito que é, saiu correndo pra pedir outro número ou outro modelo ai um dos vendedores saiu correndo atrás do meu filho achando que ele estava roubando a loja.
Depois um dos vendedores voltou com a bolsa do Patrick e eu pensei que ele estava correndo e de repente apareceu um dragão e devorou meu filho mas as fadas madrinhas vieram e jogaram um feitiço no dragão que cuspiu só a bolsa do Patrick, ai o vendedor sendo um paladino da justiça pegou a bolsa do Patrick e trouxe de volta para mim para que eu soubesse o que aconteceu.
Depois um dos vendedores voltou com a bolsa do Patrick e eu pensei que ele estava correndo e de repente apareceu um dragão e devorou meu filho mas as fadas madrinhas vieram e jogaram um feitiço no dragão que cuspiu só a bolsa do Patrick, ai o vendedor sendo um paladino da justiça pegou a bolsa do Patrick e trouxe de volta para mim para que eu soubesse o que aconteceu.
Eu, o narrador onisciente:
É simples... O Patrickão estava lá, escolhendo o seu mais novo par de tênis e como de costume, por estarmos acostumados com o povo pacífico e tranquilo de Taiwan, deixou a bolsa em cima de um dos sofás da loja, se você mora em Taiwan a mais de seis meses com certeza vai fazer isso como se fosse um hábito por estar acostumado com o povo daqui que não rouba nem nada.
Acontece que essa sexta-feira era um dia diferente e os astros conspiravam para uma mudança radical nos movimentos cósmicos que regem essa ilhazinha perdida no meio do nada.
Acontece que essa sexta-feira era um dia diferente e os astros conspiravam para uma mudança radical nos movimentos cósmicos que regem essa ilhazinha perdida no meio do nada.
Foi então que apareceu um ninja taiwanês a quem foi dada a missão de roubar aquele item maravilhoso e pouco chamativo que era a bolsa da Louis Vuitton e leva-la para casa consigo. O problema é que ele, apesar de ninja, não sabia que o dono da bolsa era o Incrível Patrickão um dos mais temidos seres que habitam Taiwan.
O ninja observou a bolsa por uns trinta e três ponto sete segundos e esperou uma possível distração do grande Patrick para poder furtar aquele tão almejado objeto, depois de todo esse tempo ele calculou as possíveis rotas de fuga, a velocidade do vento, o grau de inclinação do solo, o PIB do México e a equação fundamental do triângulo circular de Nostradamus.
Nesse meio tempo nosso grande herói combatente do crime escolhia um novo par de sapatos que melhor lhe auxiliasse na conquista de novas cocôtas em uma baladinha. Depois de tudo estar calculado e perceber a falha na atenção do nosso protagonista o ninja taiwanês passou despercebido pela segurança, furtou a bolsa e saiu caminhando normalmente.
Ao ouvir o grito e perceber que havia sido desmascarado ele se pôs a correr desenfreadamente na tentativa, irracional de fugir. Porém, nosso ilustre filho do Lindomar - o Súbzero Brasileiro - saiu em disparada atrás de seu algoz e utilizando-se da técnica ensinada por Amy Winehouse deu um "morcego" nas costas do inimigo que percebendo uma possível queda que lhe levaria ao hospital jogou a valiosíssima bolsa ao ar e se lançou de forma a dar um rolamento e já levantar rápidamente para continuar correndo.
Durante esses quarenta e sete milésimos de segundo a atenção de nosso herói foi voltada para a bolsa e ele perdeu o inimigo de vista. Porém, havia um velho sábio chinês lutador de kung fu que passava por alí e percebendo a agitação do movimento resolveu perseguir o meliante com sua incrível bicicleta tunada pelas ruas de Taipei.
Enquanto corria atrás do fugitivo, aproveitou para mandar uma mensagem telepática a um de seus pupilos para que ele o ajudasse na captura de tal ser das trevas, nesse meio tempo o Patrick pegava um ar e voltava para a loja de sapatos.
O habilidoso neófito do grande mestre chinês veio em sua poderosa motocicleta ultra high tech e utilizando uma técnica ancestral arremessou uma rede no inimigo que, desnorteadamente, veio ao chão. Em questão de segundos toda a tropa do exército Taiwanês estava alí com suas armas apontadas para o meliante que, com cara de besta, perguntava o que estava acontecendo.
Após poucos minutos de conversa ele confessou que quem havia ordenado o roubo era uma mulher de pouca idade, baixinha e de corpo esférico que atendia pelo nome de Mestre T.
Eu, após pesquisar nos arquivos ocultos das bibliotecas taiwanesas e conversar com meus contatos do sub-mundo, concluí que Mestre T. seria o nome de guerra da tão temida Tammy que além de ser uma incrível engenheira mecatrônica e uma formidável construtora de androides ainda é chefe de uma das famílias mafiosas de Taiwan e mestre de um clã de ninjas conhecidos como os N.A.V.S.C.O.S.S.P.N.M.C. os Ninjas Assassinos Voadores do Sagrado Coração Onipresente do Senhor do Sol Pestanejante no Novo Mundo Caótico.
Não entendi direito, mas ao que me parece ela queria roubar a bolsa dele para roubar seus documentos e, depois de aprisiona-lo, enviar um de seus androides, que seria devidamente aperfeiçoado para adquirir as características patrickísticas, em seu lugar com o intuito de obter mais informações sobre o Brasil e o nosso modo de viver.
É isso ai... Amanhã eu falo do rolo que deu na noite de sexta-feira.
Beijos beijos.
Lucas Casasco.