É, se você veio aqui ler algo sobre as bobagens que eu fiz durante esses seis meses então você está redondamente enganado. O título disso ai é “As cagadas da vida.” Logo, conclúi-se que eu vá falar de merda, de cagada mesmo, no sentido real da coisa.
Cagar nada mais é do que a arte de expelir merda do corpo. Simples assim.
Mas então, o que me levou a falar sobre isso? Simples, eu estou na estação de trêm de Hualien.
Então, minha última cagada foi a uns cinco minutos atrás e foi uma experiência tão psicossomática que eu cheguei a esquecer minha mochila no banheiro, por sorte eu lembrei disso e voltei lá. Sabe como é né, depois de dar um cagãozinho a cabeça fica mais leve, pensamentos se vão e coisa e tal.
Como algumas poucas pessoas sabem eu tenho por hábito cagar uma única vez por dia, é um ritual que eu sigo à risca todo santo dia. Cagar, tomar banho, dormir. Vez ou outra rola uma punheta entre o “Tomar Banho” e o “Dormir”.
Então, óbviamente minha penúltima cagada foi ontem à noite antes de dormir.
Pensem com o Lucas. Ontem eu comi macarrão, um pouco de frango, batata frita, tomei um pouco de sorvete e coisa e tal. Nada muito grave, nada muito complexo, o Sr. Estomago esmagou o que o Sr. Dente não conseguiu, o Mr. Intestino absoveu e o que sobrou o grande Mestre Kú botou pra fora.
Simples assim né? Isso. Agora pensem que hoje eu acordei, comi um sei lá o que taiwanes, meu almoço foi macarrão e à dez minutos atrás eu me arrependi de ter pedido o macarrão com frango e pimenta e lá pelas cinco da tarde mandei um big mac pra dentro. Quando big mac caiu eu já fui alertado que a coisa ia ficar complexa dentro de alguns minutos mas tudo bem, meu intestino conhece a técnica mestre de se travar em caso de eu estar muito longe de casa. Quer dizer, ele conhecia antes de eu vir pra cá.
Como mais uma meia dúzia de pessoas sabem do Brasil até aqui você precisa passar pela África do Sul e po Hong Kong, eu fiz esse percurso todo de mais de vinte horas sem parar pra liberar o robinho. Como vocês podem ver, meu intestino é um rei na hora de travar e ficar quieto na dele sem me perturbar.
Acontece que com o tempo a gente vai se acostumando com aquela velha frescura de só cagar dentro de casa e vai aprendendo a fazer merda em outros lugares. Desde que cheguei em Taiwan eu já caguei em lugares legais como por exemplo na balada. Cagar na balada é uma experiência incrível porque você caga ouvindo música e bebendo alguma coisa (no meu caso era coca-cola com gelo, claro) é algo completamente confortável e divertido.
Já caguei em estações também, normalmente de metrô, mas de trêm essa foi a primeira.
Rapaiz, a coisa lá tava bruta, hoje é segunda-feira e foi feriado ou seja: Estação lotada.
Existe uma equação que diz o seguinte:
Estação Lotada = Muita Gente
Gente precisa de ir no banheiro. Logo:
Muita gente precisa de muito banheiro
Em resumo temos que:
Estação Lotada = Banheiro Lotado.
Sabe qual o pior de tudo? Estações de trêm de Taiwan só tem um vaso sanitário normal, o resto é vaso chinês.
Ai você tem duas opções, ou caga agaixado no melhor estilo chinês ou espera liberar o vaso normal.
É claro que eu esperei pra liberar o vaso normal, fui pro box e pám! Não tinha papel higiênico, sorte que eu sempre verifico isso antes de começar com o serviço, não fosse por isso eu estava ferrado.
Saí do box e fui até a pia, peguei papel de enxugar a mão que era o que tinha, voltei pro box.
Tirei a mochila e coloquei atrás de mim, em uma espécie de mini-micro-little-pequena bancada que tem atrás da privada, mas coube um pedaço da mochila o que não coube eu empurrava pra trás com a cabeça.
Sentei de boa no trono e tals e, rapaiz, foi uma bazucada. Bixo, foi coisa que deixaria qualquer pombo com inveja. Foi um tiro e no fim da coisa só me veio um pensamento na cabeça: “Pintei a louça!” era por ai mesmo. Limpei minha linda bundinha, dei descarga e caí fora... Esqueci a mochila.
Saí do banheiro e ai veio a surpresa: Onde está Alice? Por onde andará Stephen Fry?
Era pra ela estar em um lugar e ela estava em outro e na minha cabeça que nessa hora estava completamente vazia de pensamentos - depois da santa cagada zen que eu dei – pensou que ela estava com a minha mochila. Ai eu fui e cacei ela e achei e só então que eu lembrei que mochila havia ficado dentro do banheiro. Mas isso aqui é Taiwan minhas crianças... Voltei lá e lá estava a minha cria quieta e sossegada no lugar que eu deixei. O perigo maior não era ela ter sido roubada, era cair na privada...
Então meus lirou beibes, eu vou ficando por aqui, beijos beijos e até depois.
Lucas Casasco, um brasileiro em Taiwan.