Os casos utópicos de Lucas Casasco.
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Por onde começar? Óbviamente não é por ordem cronológica, porque eu não sei a cronologia.
São dois os casos utópicos.
O que os define como casos utópicos? Simples, existiu uma vontade, por ambas as partes, de um relacionamento sério, mas era utopia.
E é legal a vida. As coisas vão indo, e indo e nada se conclui.
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Vamos falar do primeiro caso.
Tudo começou a sei lá quantos anos atrás, eramos crianças inocentes ainda. Era da época que eu estudava na Funlec, ela era amiga minha e quando crianças a gente brincava bastante mas ela sumiu de repente, nunca mais tive notícias.
De repente, em um dia quente, passeando por Três Lagoas eu passo na frente da casa de um amigo e decido entrar pra conversar com ele. Entrei e fui direto pro quarto onde ele estava com um outro amigo nosso jogando Dota, acho que isso faz uns três anos mais ou menos, é da época que eu era viciado em Sonata Arctica. Então, eu entrei e dei oi pros meninos, deitei na cama de hóspede que tem no quarto do maluco e fiquei esperando eles terminarem o joguinho deles. A luz estava apagada e a iluminação era à base da luz que vinha do pc, eu estava calmamente deitado e de repente eis que um corpo se levanta na outra cama. Ela estava deitada lá e eu nem havia notado. Eu sei lá porque ela tinha levantado, depois ela voltou e a gente conversou um pouco e em quinze minutos eu estava apaixonado, com direito a olhinhos brilhando e cara de bobo. Detalhe que hoje, aconteceu de novo de eu parar e ficar olhando pra ela, só que dessa vez foi na cam (lembrem-se que eu estou do outro lado do mundo) mas a cara foi a mesma, a mesma cara de bobo e os mesmos olhinhos de menino apaixonado.
Deixe-me voltar ao passado, conversamos por um tempo e eu fui vendo que dava pé, tinha futuro, conversa vem, conversa vai e ela pegou o celular colocou música pra tocar a gente ficou dividindo o fone enquanto os meninos estavam super envolvidos pelo computador. Parecia que, pra eles, nós dois não existíamos e aproveitando esse momento onde graças ao Ice Frog ficamos invisíveis a outros olhos eu fui e arrisquei um beijo. Rolou. Conversei com os meninos e marcamos de nos encontrar mais tarde, ir pra pizzaria comer algo e depois ir pro aniversário de um gordinho amigo nosso. Tudo correu certinho, foi uma noite só, no outro dia ela simplesmente foi embora pra cidade dela e a gente não se viu mais, ficamos de papo no msn por uns meses mas a distância era um belo obstáculo e a coisa foi esfriando. Esse ano a gente se trombou de novo, é o nosso velho amigo Destino de novo, é o que eu sempre digo o Sonho não vai com a cara da(o) Desejo mas eles sempre tramam algo juntos e encarregam o velho e empoeirado Destino de enfiar isso no nosso caminho.
Um belo dia ela entrou no msn do nada e a gente começou a conversar, virava e mexia rolava uma troca de mensagens pra lá e pra cá via celular. Pelo que parecia ia dar certo, ela estaria em Pedro Juan Caballero no mesmo dia que eu, a diferença é que eu estaria lá a trabalho e ela fazendo compras.
Foi numa manhã de sexta-feira justo quando eu já tinha perdido as esperanças que acabou de a gente se esbarrar. Estava eu lá todo sem graça a andar pelo Shopping China quando de repente eu vejo um vulto passar a uns quatro ou cinco metros de distância de mim, andando no outro corredor de prateleiras, do jeito que surgiu desapareceu, meus olhos não tinham certeza se eu tinha visto o que vi mas fui associando os fatos e me convenci de que sim, era ela. Falei pro meu pai que ia sei lá onde e sai no encalço da menina. Foi um tempo de observação pra saber se era ela mesmo, eu precisava de uma confirmação, afinal eu estava planejando chegar de surpresa. Era ela, o mesmo cabelo, o mesmo jeito de andar, o mesmo jeito de movimentar as mãos enquanto caminhava, era ela e meu coração disparou de uma vez só, eu apertei o passo e cheguei por trás dela, a abracei e falei com a minha melhor voz de galã de novela mexicana: "Bom dia moça."
Foi muito sem noção, tanto pra mim quanto pra ela. Ela assustou e eu dei risada e a gente ficou um tempão encarando um ao outro e rindo daquela situação. Ficamos passeando pra lá e pra cá entre as várias coisas que se tem pra comprar no Shopping China, conversando e no fim da manhã rolou um beijo, não foi nada grandioso visualmente ou carnalmente falando, foi mais sentimental mesmo, foi diferente.
Eu a vi depois em uma pizzaria mas só rolou um cumprimento à distancia.
Voltei pra Três Lagoas e uns dias depois ela apareceu por lá, fui pra casa daquele mesmo amigo (lá do começo da história) mas dessa vez a coisa era diferente porque a gente já sabia o que queria.
Foi legal, divertido e bobinho. Bobinho porque foi, digamos assim, algo meio puro. Com ela eu ainda guardo um pedaço da minha infância, é diferente.
Eu a vi de novo e por coincidência em um restaurante, no mesmo dia, ela se despediu de mim e a gente sabia que só nos veríamos muito tempo depois porque ela estava voltando pra cidade dela e eu em meses estaria vindo pra cá. Eu vim. Ela sumiu.
Nunca mais tive notícias. Esses dias eu estava quieto e ela de novo entrou no msn. Eu sorri.
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E aqui vem o segundo caso.
É um caso utópico e recente porque enquanto eu digito esse post eu converso com ela e é o mesmo assunto quase sempre, nós dois.
É legal, é um caso romântico estranho. É a incerteza de sempre, a utopia de sempre. É um relacionamento que tinha tudo pra ser perfeito, caso eu estivesse no Brasil mas eu não estou.
O meu passado com ela foi interessante também... Calma que eu conto.
Eu trabalha no restaurante do Kadú, e estava solteiro.
Eu estava lá quieto e ela estava conversando com a minha prima, era menina certo? Fui lá puxar papo, é claro, era horário de folga e lá fui eu. Ficamos conversando um bom tempo e eu cheguei a conclusão de que ela seria um belo alvo, e foi. No mesmo dia aconteceu algo um tanto quanto inesperado, alguém ligou uma máquina na cozinha e seja lá o que que foi ligado puxou toda a energia do lugar, Blackout.
Aproveitamos o escuro e nos beijamos mas ficou por isso. Depois de muito tempo eu trombei com ela de novo, sabe-se lá porque. Fomos pra casa de um amigo meu e acabamos ficando. Foi mais uma daquelas ficadinhas one-shot que durou horas.
Depois disso nós não nos falamos mais porque eu era meio cego, foi numa fase qual eu olhava pra uma menina e só via coxa, peito e bunda. Não que hoje eu não veja, mas aprendi a olhar pra outras coisas também...
Eu a tratei mal, eu fui cachorro de mais, agi errado mesmo.
Agora, sei lá quanto tempo depois, nós voltamos a conversar e fomos percebendo que temos muita coisa em comum, se eu tivesse visto isso um tempo atrás a situação seria outra.
Mas pensem crianças, tudo é feito do jeito que tem que ser e o futuro à ninguém pertence, afinal se até o próprio Destino tem medo do que existe em seu jardim eu é que não vou tentar imaginar quais seriam as coisas que teriam acontecido caso eu tomasse outra trilha se não a que tomei.
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Ta ai, meus dois casos utópicos, é só pra complementar as minhas histórias românticas.
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Lucas Casasco.
Um Brasileiro em Taiwan.