terça-feira, 20 de março de 2012

Ontem... E tudo aquilo que ficou.

Agora a porra do nome dessa merda de blog é "Eu e o Chá"... E foda-se. E é isso ai, muito palavrão pra começar bem a postagem, pra descarregar a energia negativa que fica guardada em todo mundo depois de todo santo dia. Já descarregou? Ainda não seu filho de uma puta? Então vai pra casa do caralho seu bosta, da um grito ai e continua lendo...


Seguinte, eu não estou puto nem estressado, nem revoltado ou com problemas mentais maiores do que os de sempre e esse amontoado de palavrão nas quatro primeiras linhas foi só pra descarregar mesmo, agora eu começo a escrever, centralizo o texto, acerto a fonte, mudo de Dream Theater para Cássia Eller, sento, respiro , aperto o enter meia dúzia de vezes pra dar espaço... E começo:




Era uma vez - e todo conto de fadas começa com essa frase - um casal feliz. Não muito diferente de qualquer outro casal, ele não era mais bonito do que a maioria e ela não era mais sensual que a maioria, a característica mais marcante dele era a cor da barba, um ruivo estranho que brilhava no sol e ela tinha por característica marcante a personalidade, forte, batalhadora, o tipo de mulher que era mulher antes mesmo de nascer, o tipo de mulher que nem todo homem quer ter ao lado, mas que sabe fazer o seu homem se sentir o homem mais feliz do mundo. Mesmo que seja por um curto espaço de tempo.

Era um casal feliz e é aqui que entra a parte mais importante disso tudo, eles continuam sendo felizes, só deixaram de ser um casal.
Em um belo domingo de pouco sol e um clima ameno, ela resolveu dar um passo a frente, ele resolveu ficar. Ele era uma pedra, fixo, imutável, seco, o tipo de ser humano que não se mexe quando a maré bate, o tipo de ser que fica parado mesmo sob condições bem adversas. Uma pedra.
Ela era uma espécie de cruzamento de borboleta com rinoceronte e sabia ir da leveza de um para a brutalidade do outro em questão de segundos, era leve e voava em volta da pedra, vez ou outra dava umas porradas pra ver se ela saia do lugar, mas os empurrões não resultavam em nada muito digno de nota.

Em um belo domingo de pouco sol e clima ameno ele percebeu que a sua capacidade de fazê-la feliz havia diminuído drasticamente nos últimos dias e ela percebendo que ele havia sentido isso lhe olhou no fundo da alma e disse: "Precisamos conversar." ele já sabia o que viria em seguida, era óbvio de mais, era o fim, mas não o ponto final, era só o fim...

E acabou, da mesma maneira que começou, sem que ele ou ela percebessem onde ficava a linha que determinava o início ou o fim, sem que eles ao menos tivessem chance de lutar contra isso, o fim passou e veio rápido, não acertou nenhum nem outro, simplesmente submergiu os dois e quando eles pararam pra pensar já tinha ido, já tinha acabado. Ele pegou a última batata frita do prato, ela sorriu e eles sabiam que no dia seguinte as suas vidas seguiriam praticamente da mesma forma que havia seguido na semana anterior, a diferença é que agora não haveria mais mensagens ou ligações às seis da tarde, os apelidos carinhosos naquele momento começaram a se desfazer, pairaram no ar.

Eles partiram como faziam todo domingo, ela olhou pro hamster e ironizou: "É Frodo, relaxa, mamãe vai comprar cigarro e já volta..." e ele riu sabendo que seria triste caso o hamster entendesse isso, pois ficaria esperando pela volta da mãe mesmo sem amá-la - o que de fato é verdade, o hamster não a amava muito mais do que amava a serragem da sua gaiola.

Ele riu, era o que restava, era o que tinha praquele momento, era o que dava pra fazer. Segurar ia adiantar? Abraçar, chorar, gritar, dizer que não, ajoelhar... Nada disso ia resolver e ninguém naquela sala tinha a intenção de tentar resolver. Nem o hamster.

E eles partiram, como em todo domingo. Ela reclamou do frio, ele a abraçou e quando o ônibus chegou ele pôde ouvir um "Tchau amor, até amanhã." e sorriu um pouco por fora enquanto sentia metade do mundo dele se deslocar...

Ontem...