Vamos aos fatos:
Ontem a noite eu estava voltando para casa e subitamente me deu uma vontade louca de ouvir "Eu sei que vou te amar." seguida de "Eu preciso dizer que eu te amo." seguida de "O que será (A flor da pele)." seguida de qualquer outra música mais ou menos nesse estilo.
Cheguei aqui na casa dos taiwaneses legaizões, liguei o computador sentei de boa e comecei a ouvir as músicas mas na ordem inversa.
E ai entrou toda aquela vocalização e em seguida a voz, que eu acho que é do Milton Nascimento, cantando:
"O que será que me dá? Que me bole por dentro. Será que me dá? Que brota à flor da pele. Será que me dá? E que me sobe às faces e me faz corar e que me salta aos olhos a me atraiçoar e que me aperta o peito e me faz confessar o que não tem mais jeito de dissimular e que nem é direito ninguém recusar. E que me faz mendigo, me faz suplicar o que não tem medida, nem nunca terá. O que não tem remédio, nem nunca terá, o que não tem receita."
Mal tinha terminado essa parte, que é a primeira estrofe, e eu estava abrindo minha caixa de e-mails e pá! Aquele bom e velho tapa na cara que ocorre de vez em quando, que acorda a gente pra vida, que puxa de volta pra realidade. Mesmo que seja uma realidade romântica.
Um e-mail, três linhas, a caixa torácica querendo estourar com o coração pulando lá dentro querendo fugir, uma enorme bola de pelo na garganta me engasgando e aquele sentimento de que o chão não está sob você e tudo parece que vai cair em questão de segundos mas a única coisa que realmente cai é uma lágrima, uma só, não mais que isso. De repente você olha pra cima porque sabe que imagens são mais fortes que palavras e se catorze palavras, se contar os pontos finais e o emoticon passa a ser dezessete, te fizeram derramar uma lágrima, talvez as imagens acabem por fazer pressão pelo buraco de onde a água está escorrendo e um simples furo faz uma barragem inteira desmoronar.
Você olha pra cima e se controla, se segura, respira e volta a olhar pra baixo, pra tela do seu computador que tenta te quebrar em pedaços e fazer aparecer o seu lado mais fraco, você se segura, da um tapa na própria cara, troca a música, fecha os olhos, abre o red tube, tenta desfocar mas depois de cinco anos com a mania de sempre expor o lado mais fraco fica difícil tentar ser forte.
E de repente tudo aquilo que não foi chorado em meses começa a escorrer e desce e atinge o seu colo e você olha pra baixo sem coragem de encarar de novo aquelas fotos de nove meses atrás, mais ou menos, mas ai já é tarde porque você se pega olhando fixamente pra cada detalhe daquelas duas fotografias.
É a vida minhas crianças e ela não costuma ser boazinha com a gente, principalmente quando o assunto é de ordem emocional.
Fiquei ali quieto contemplando aquilo. Meu eu menos bixa voltou e chegou dando voadora, mas não resistiu muito não e em poucos minutos eu estava ouvindo "Eu sei que vou te amar" e o clima de depressão foi tomando conta mas não durou muito não. Voltei ao estado normal e fui assistir Jô Soares na internet.
Hoje, eu acordei de boa, fiquei na paz do budah e saímos para fazer uma meia dúzia de coisas mas como eu disse eu estou em TPM emotiva, no fim do dia eu decidi assistir Toy Story 3...
Só pra vocês terem noção, eu quase chorei no começo do filme, não tinha nem meia hora que eu estava alí e já estava quase chorando. Mas me segurei, sô homi, cabra macho, do saco roxo.
O filme é ótimo, ouso dizer que é melhor que o primeiro.
Achei esse Toy Story um filme bem pesado, ele não é tão infantil como os outros dois, tem uma carga emocional maior e não estou dizendo isso por estar nessa fase emo.
Tem uma pá de cenas legais, algumas citações à cenas clássicas, a trilha sonora contribui e a história é foda. Além do fato de ser em 3D e ser bem engraçado. E o melhor de tudo é o final, a música do final, nossa senhora top de mais.
Então é isso.
Beijos beijos.
Lucas Casasco, um brasileiro em Taiwan.