Então é o quarto dia já... São quatro e trinta e sete da tarde e lá fora ta um calor desertico. Estamos em algum lugar entre Taitung e Kenting que é o nosso destino.
A noite de ontem foi, sem sombra de dúvida, a mais tosca de todas... Todos os distritos reunidos, todo mundo feliz, tinhamos alcool, cigarro e mujeres. E por que que a noite foi uma merda? Sei lá, é aquela história de que quando não é pra ser bom não é.
Antes do toque de recolher eu estava fazendo graça com o violão no quarto de uns mexicanos e conversando, depois voltei pro meu quarto pra esperar os caras passarem confirmando que estavamos todos em nossos quartos. O guia passou às onze como de costume e lá pelas onze e alguma coisa a gente saiu do quarto de novo e foi se encontrar com o povo.
O problema é que no meio de tanta confusão ninguém sabia direito pra onde ir e na falta de lugar pra ir eu decidi ficar no meu quarto mesmo, estava bem acompanhado e meu companheiro de quarto já estava apagado, os outros dois sairam pra beber e isso dava a idéia de que a coisa ia ser legal, mas não foi.
Lá pelas tantas da noite um dos malditos voltam pro quarto com a sua namoradinha, não contente em me encher o saco o cara ainda me expulsa do quarto e eu aceitei a expulsão na boa porque na noite anterior ele havia dormido com o Guilherme enquanto eu estava abraçado com uma amiga minha conversando sobre astrologia.
Até ai tudo bem não fosse o fato de que a menina estava com sono por não ter dormido direito na noite anterior, me deu um beijinho na testa e foi pro quarto dela dormir. Alí começou o inferno.
Como último recurso eu resolvi dormir também, me joguei na cama do lado do malaco que estava apagado e fiquei torcendo pra que o meu amigo colombiano só começasse a comer a namorada dele depois que eu dormisse.
Não deu nem tempo de dormir, surgiu uma doida de mãos dadas com um mexicano mais doido ainda e se jogou em cima de mim e do outro cara que estava dormindo e depois subornou a gente para que mudassemos de quarto por ela queria dar uma com o mexicano alí no nosso quarto.
Saímos do quarto e fomos vagar em busca de um lugar pra dormir, começava alí a segunda parte do inferno. Achamos um lugar, o cara entrou no quarto e apagou e eu saí em busca de um cartão de internet pra poder postar algo ontem mesmo, achei o tal cartão mágico mas a net era tão lezada que eu desisti no meio do caminho e a essa altura do campeonato eu já tinha desistido de dormir também.
Saí em busca de um quarto com alguém acordado, achei um lá com uma meia dúzia de gente fumando um cigarrinho e ouvindo musica, sentei e fiquei batendo um papo com a galera. Foi que foi que foi que a galera pegou no sono e resolveu dormir, saí em busca de outro quarto.
Acidentalmente eu achei o quarto da canadense mas ela estava dormindo e já tinha um casal na mesma cama que ela, não caberiam dois. Fui dormir de vez, achei um quarto com meia cama livre e um mexicano que havia pego a coberta toda pra ele, entrei de baixo do próprio lençol e dormi alí mesmo.
Era pra acordar às cinco pra ir snorquear, não sou fã de mar e me disseram que eu não perdi nada.
Dormi até às dez e de lá pulei pro busão pra cair pra kenting... Agora estamos no meio do caminho... Cinco pras cinco...
Chegamos em Kenting e o plano era irmos para um lugar andar em uns jipes subindo e descendo dunas a mil por hora enquanto a gente gritava e tentava se segurar, falando assim nem da emoção certo?
Vou tentar descrever a coisa... Imaginem um jipe daqueles que tem a parte de trás aberta, agora coloque lá dentro um motorista completamente afetado mascando pin lan e ouvindo uma música eletronica que era um misto de gemidos de orgasmos femininos com uma vóz masculina que dizia: "Don't Stop baby baby, don't stop baby baby, don't stop, don't stop baby baby!" agora imagiem um percurso pré determinado como se fosse uma pista e coloque nela morros - dunas - de uns quinze metros de altura e uma inclinação que beirava os noventa graus.
Agora imaginem os quatro caras na parte aberta do jipe tendo de se segurar nos ferros de apoio, sem cinto de segurança, só de short, gritando e pulando feito macacos africanos depois de comer amarula e embalando na música, estúpidamente sinistra a coisa.
Depois de dunar nos jipitos nós descemos pra um rio e começou uma putaria sinistra. Os motoristas paravam com o jipe e fechavam os vidros, ai vinha outro jipe a mil por hora e passava do nosso lado e splhasava água em todo mundo, depois era nossa vez de ir lá e jogar água nos caras...
Então, como eu disse alí em cima, esse era o plano... Mas não aconteceu, não no primeiro dia... Logo que chegamos fomos pra uma paradinha chamada Harry Potter que nada mais é do que uma bola de plátisco cheia de ar e com um vazio dentro onde entram duas pessoas e se seguram em umas alças, ai a coisa é jogada ladeira abaixo e você fica girando lá dentro.
Até onde sabíamos isso seria tudo o que faríamos pelo dia, acontece que aconteceu alguma coisa com o Rotary daqui e eles ficaram loucos, acho que andaram fumando oregano ou mascando pin lan ou bebendo com a gente sem que percebessemos... O que aconteceu foi que o Rotary decidiu pagar uma rodada de kart pra gente...
Rapaiz, que coisa sinistra... Lá fomos nós correr em uma das várias pistas de kart lá de kenting, correr, derrapar, rodar, bater, gritar e fazer festa por um bom tempo.
Ai sim voltamos pro hotel pra jantar e dormir. Diga-se de passagem a melhor janta do meu intercambio foi lá naquele hotel.
Depois da janta eu vinha voltando pro quarto e achei uma lojinha, dentro do hotel, que vendia brinquedos. Não aguentei e comprei uma metralhadora de água ultra-mega-super-flicker-supimpamente foda e saí molhando todo mundo. Diga-se de passagem ninguém estressou porque tava um calor desgraçado.
O rotary organizou de irmos pro night market fazer compras, o lugar era lotadíssimo e cheio de coisas pra comprar, mas eu - sempre muito tonto - havia esquecido a carteira no quarto do hotel e fiquei chupando dedo.
Ai sim voltamos pro hotel pra dormir, acordamos no dia seguinte e fomos visitar um aquário, onde eu descobri o que era uma Beluga e de lá pros jipes - volte ao primeiro parágrafo - e dos jipes viemos pra cá (Kaohsiung).
O que aconteceu de ontem pra hoje eu posto amanhã...
Beijos beijos
Lucas Casasco, um brasileiro em Taiwan.