Montanha.
Onibus de novo, voltando pra casa – finalmente – depois de um exaustivo final de semana subindo e descendo montanhas, dormindo no chão e tirando fotos.
Natureza, natureza e natureza. Montanha e neblina pra todo lado que você olhasse a mais ou menos, três mil metros de altitude.
O mais frustrante foi a “propaganda enganosa” todo mundo veio na crença de que veria neve, disseram pra todos nós que estaria nevando e nada, só uma neblina espessa e sinistra que me fez lembrar “The Mist” to Stephen King.
Agora estou no busão, voltando pra casa, ouvindo Placebo do lado de uma turca, muito louca, viciada em fotografia.
Ontem, falemos de ontem.
Como eu disse, nós discubrimos uma taiwanesa que falava português dentro do trêm, ela morou em São Paulo por sete anos eu acho, não lembro direito. Foi muito estranho, o taiwanes falando em chinês, gritando com o casalsinho ultrafófis e eles rebatendo os gritos em alto e claro português, eis que de repente vira uma taiwanesa e fala algo em português, foi um susto demoníaco.
Mas então, eu vinha vindo (com pleonasmo e tudo) e conversando com ela. Papo veio, papo foi e eu ví que ela era legal, até me ajudou a tirar o esmalte da minha unha – Conto essa história depois – Gostei da moça e ví que ela estava sem lugar pra se sentar, eu estava sem sono e falei que ela podia se sentar no meu lugar. Levantei e fui conversar com o Guilherme, ela dormiu e eu fiquei sem lugar pra sentar, deitei no chão, atrás do último banco do trêm. O lugar é bem desconfortável, ok, mas mesmo assim era melhor do que ficar em pé, tentei dormir mas não deu muito certo.
Passou um tempo e ela acordou e veio falar que ia descer logo na próxima estação, sentei no meu lugar e dormi por quinze minutos que foi o tempo do trêm chegar na minha estação.
Descemos do trêm, o relógio marcava cinco e meia da manhã, nos reuniríamos com o resto dos intercambistas do nosso destrito às seis horas na estação para tomar um café da manhã.
A estação de trêm de Banqiao (Lê-se Bantiao) está decorada com umas coisas estranhas, serei sincero eu sempre olho praquilo e penso em uma buceta gigante. É sério, parece uma buceta voadora gigante com dois piercings que fica depindurada no teto da estação e embaixo tem uns carpetes verdes que fazem analogia à grama. Sentei em um desses carpetes, tirei o cuturno e fiquei lá na paz do budah esperando alguém surgir, o Guilherme nessa hora dançava brake. Deitei e fiquei alí no chão da estação bebado de sono. Estava em um estado tão ruim que cheguei a perguntar quanto que eles me pagavam pra eu chupar o meu próprio dedão ou encostar o pé na testa.
Foi ai que apareceu no Felipe pra salvar o dia e dizer que estavam nos esperando do lado de fora da estação para tomarmos café da manhã.
Diga-se de passagem a comida era boa, um sanduíche e um copo de chá. Foi massa, foi massa.
Pegamos um busóvski alí mesmo e lá fomos nós em direção à montanha. Mais ou menos, cinco horas de viagem, chão pra caralho.
Paradas aqui e alí pra dar um mijão e esticar a perna, barrinhas de cereal pra suprir a falta de um lanche da tarde e garrafinhas de água pra ninguém morrer desidratado.
Chegamos na motanha, a buseta só sobe até um determinado lugar, não tem força pra subir tudo.
Fomos com o onibus até um lugar onde pegamos uma van, esse percurso inteiro eu fiz dormindo no banco de trás do busão, apagado, mortásso.
As vans nos levaram até a motanha e eu escrevo mais depois porque esse movimento pra lá e pra cá do onibus mais as letrinhas do computador se movendo pra lá e pra cá estão me deixando doidão e com o estomâgo embrulhado.
Beijos, bei.. Bleeeeeeeeeeeeergh!
Lucas Casasco, um brasileiro em Taiwan.