Vou falar sobre a triste sensação de quase fim. É, its already over meu povo, os caras do Fulinshe (Rotary em Chinês) já disseram que nós temos até o dia 31 de julho para cair fora dessa ilha ou o pau vai caí a foia pô nosso lado.
Ai bate a sensação de quase fim, faltam só noventa dias, menos que isso na verdade, é a reta final da reta final, é o início do fim. É quando a gente passa a olhar pra trás e ver o tempo desperdiçado em vão e coisa e tal, é quando você se vê de frente pra duas opções. Você se matar de se esforçar pra correr atrás dos meses que você jogou no lixo ou tocar o foda-se de vez e quebrar o pau por aqui.
É claro que você sempre pensa mais na segunda opção, mesmo sabendo que o seu futuro depende da primeira. É complicado, você é adolescente e não sabe o que quer da vida, você acha que tudo se resume a baladas open bar, alcool, uns cigarros e uns beijos na boca.
Você é um retardado, você sabe bem disso e sabe a receita pra deixar de ser retardado mas prefere esperar, depois dos dezoito você muda e vira um adulto... Vai nessa.
Sabe, pode parecer arrogância ou falta de humildade mas eu vou dizer pra vocês que eu me tornei um quase homem nesses meses que eu passei aqui, deixei de ter medo de muitas coisas as quais eu tinha medo, passei a encarar a morte de frente, passei a levar a vida mais a sério por mais que eu não demonstre isso sempre. É claro que eu não deixei de ser o retardado que vai olhar pra tua cara e fazer um careta quando você menos esperar ou que vai sair pulando por ai falando alguma asneira, ou que vai se jogar de um telhado e regaçar o joelho. Mas mesmo assim eu sinto que ganhei uma cargazinha de responsabilidade, se não foi resposabilidade então foi uma espécie de know-how em vivência.
A sete meses atrás eu não me preocupava com a minha família tanto quanto hoje, a sete meses atrás o meu maior medo era perder alguém que eu nem tinha, a sete meses atrás eu não me importava muito em ter coisas minhas, eu era feliz em viver a minha vidinha tosca. Hoje? Hoje eu quero é mais, eu quero viajar mais, conhecer mais, falar mais, comer mais, experimentar mais, sentir mais, eu quero mais e mais e a cada dia eu vou vendo que eu consigo esse mais, mesmo que seja um "mais" pequeno é um "mais".
E agora tudo isso está acabando, em menos de cem dias.
Perai, eu disse acabando? Eu errei, é agora que a coisa vai começar, eu lembro que antes de sair do Brasil alguém me disse:
"Vá na paz, com Deus sempre e volte muito mais Lucas do que você foi. Abraços, abraços e abraços.
Te amo.
De parte de você.
Alexandre Carrato"
E eu lembro também que me disseram pra viver todo o meu mundo, sentir toda a liberdade e quando a hora chegasse era pra mim voltar. É a hora está chegando, cada dia mais e mais. O tempo agora vai voar duas vezes mais rápido do que ele costuma voar. O tempo vai cumprir o que ele sempre prometeu.
O que vai ficar disso tudo? Várias fotos que vocês podem conferir no meu picasa, e (até hoje) 138 posts em um blog que era um projeto e hoje é um dos meus maiores orgulhos, por mais que eu não receba mais de cinquenta visitas diárias eu me orgulho de saber que as poucas pessoas que vem aqui estão lendo coisas minhas, são poucas, sim são, mas elas estão me dando atenção.
Tenho muito a agradecer a todos vocês e só posso dizer que nessa "reta" final com certeza irão surgir coisas legais por aqui, estou editando uns vídeos que eu vou começar a enfiar no youtube, por enquanto eu vou colocar os velhos, pretendo comprar um camera logo e então começar o meu vlog, é um pouco tarde eu sei, mas nunca é tarde de mais pra nada.
Muito obrigado minhas crianças, o tio Lucas agradece a todos por me darem a força que vocês dão.
Beijos beijos.
Lucas Casasco, um brasileiro em Taiwan.