sexta-feira, 28 de outubro de 2011

De novo e de novo e de novo.

"Filhos são uma extensão extra-corpórea de nós mesmos (quando você tiver os seus, ah, aí sim você vai saber o que isso significa) e quando deixamos de acompanhar seus movimentos ocorre uma espécie de hibernação parcial da alma, portanto não se limite a dizer apenas que tá tudo bem, afinal isso nós já sabemos, PORRA." - Marcelo Casasco (sim, o meu pai)

E eu volto a escrever mais uma vez... Dessa vez pro incentivo direto do velho que me deu uma carcada violenta via e-mail dizendo que eu estava mais presente na vida dele quando eu estava em Taiwan do que morando aqui em Santo André, não que isso seja de todo mentira afinal de contas quando eu estava do lado de lá do mundo eu escrevia aqui diariamente mas agora, morando um pouco mais perto e podendo falar com a família por telefone eu deixei o blog meio esquecido, na verdade eu deixei a minha família meio esquecida... Arrisco dizer que to me esquecendo de viver ultimamente.


É bem por ai... Você já teve a sensação de não viver? De simplesmente existir? De seguir o fluxo do jeito que devia seguir, não mudar, não se mexer, seguir, simplesmente seguir.
Os últimos meses passaram, eu mudei um pouco - bem menos do que devia na verdade - psicologicamente, engordei um pouco e a minha barba anda crescendo, ruiva e reluzente...


Olhos vermelhos, barba ruiva 
e a cara de cachorro sem dono de sempre.

O problema não é mudar, ou deixar de mudar, o problema maior anda sendo aquela pergunta chata que insiste em bater no fim do dia "E ai, o que você fez de bom hoje Sr. Lucas?" e ter um "Nada." como resposta todo dia é bem triste... 
Aprendi a integrar, aprendi a derivar, ainda não entendi limite direito mas estou tentando, passei perto de entender coisas estranhas como a dualidade onda-partícula, estou me esforçando pra calcular o coeficiente de atrito entre o porco e o escorregador, tentando entender porque não se pode dividir um escalar por um vetor e vez ou outra eu me arrisco pelos lados da biologia também, aprendi bastante sobre doenças genéticas no último trimestre mas e dai?


É exatamente essa a pergunta... E dai?
No fim das contas é como se eu estivesse de volta ao ciclo maligno do ensino médio, aprendendo coisas que eu talvez use pelos próximos cinco anos para sair daqui com um papel na mão dizendo que eu tenho capacidade suficiente pra construir e programar um robô. Ótimo... Na verdade, nem não ótimo assim.
A universidade não mudou em muito a minha vida não, a minha maior evolução foi ter, finalmente, saído de casa - de novo - e começar a viver sozinho - de verdade dessa vez - e ter que me virar pra lavar louça, arrumar quarto, lavar banheiro, lavar e passar roupa e fazer comida vez ou outra.
E é ai que a magia dessa história toda é feita, eu posso não ser um futuro engenheiro ainda, posso andar desiludido com essa merda toda, posso estar perdendo o tesão - que eu nunca tive - pela física mas no fim das contas existem coisas bem menores as quais eu aprendi graças à universidade e que eu julgo tão importantes quanto a matéria que aqueles velhos barbudos com cara de louco ficam tentando me ensinar.
Eu aprendi a tocar caixa! Já é uma evolução pra quem odiava samba... Eu descobri algumas coisas interessantes sobre o universo feminino, aprendi o funcionamento de um motor à explosão só pra ter assunto pra discutir com a namorada, descobri que Vampiro é mais legal que D&D e que existe uma agência do Banco do Brasil bem mais perto da minha casa do que eu achava.


Eu vi que Santo André não é tão perigosa ou violenta quanto dizem que é, vi o sol nascer algumas várias vezes, escrevi uns tantos contos que talvez apareçam por aqui... E por mais retardado que isso soe essas coisas pequenas pra mim foram muito mais importantes do que toda a matéria que eu aprendi nesses cinco meses...


Cinco meses... Ou mais... E eu nem me dei conta... Talvez seja porque eu ando cercado de novidades - não tão novas assim - ou porque tenha alguém muito foda do meu lado me apoiando o tempo todo e que mal me deixa perceber o tempo passando ou se foi porque a inércia me carregou até aqui, eu só sei que não vi passar o tempo. Mas deixa isso pra lá, vem pra cá o que que tem? Amarelinha nesse ritmo também, até porque até o Pimpolho ta passando no chamado vai e vem... 
E se até o Pimpolho que é o Pimpolho ta passando, eu acho que eu dou conta também.








Lucas Casasco.