Sexta-feira, Lucas Casasco está desisperado, ele precisa encontrar uma casa em Taipei para passar o final de semana mas não encontra. Após tentar todos os seus contatos ele está quase desistindo, é quando o telefone toca e uma vóz misteriosa do outro lado da linha diz: "Hey você... Fiquei sabendo que o Sr. está a procurar uma casa em Taipei certo?"
"Sim, estou." respondeu Lucas.
A vóz então falou: "Não se preocupe meu amigo, localizarei uma casa para você, mecherei os meus pauzinhos."
O Lucas, que nesse momento estava completamente confuso simplesmente perguntou: "E quem é você, ó grande vóz do além?" e a vóz assim lhe respondeu: "É eu! O Felipe manooo! Aaaaaa manolow! Desce pra Taipei muleque, bora pra balada!"
Quinze minutos depois o telefone toca de novo e é a vóz do além que diz se chamar Felipe dizendo que a casa estava arranjada, o nosso herói protagonista dormiria na casa do Renato, um intercambista fantasma do outro distrito.
Sexta-feira, dez pras seis da tarde. O telefone toca, minha mãe atende e é a suposta mãe do Renato do lado de lá da linha me convidando a ir para a casa dela. Simples assim. Seis horas o telefone do meu quarto toca e é a minha mãe mandando eu organizar a mala e me apressar, o trêm sairia seis e quinze. Me apressei e me organizei, peguei o trêm e fui para Taipei com aproximados seissentos dollares taiwaneses na carteira. A passagem de ida e volta custa mil duzentos e sessenta e quatro dollares taiwaneses, eu tinha mil e duzentos comigo pedi quatrocentos pra minha mãe pra que eu pudesse me alimentar quando chegasse lá. Começava então o meu suicídio.
Sexta-feira, dez horas da noite. O meu trêm chega na estação de Taipei, meu celular não tem crédito e eu não localizei nenhuma rede wi-fi próxima para me conectar e procurar pessoas. Eu tinha moedas na carteira, foi dinheiro suficiente para ligar para a vóz do além e perguntar: "Ó sagrada vóz do além, onde você está?"
A incrível vóz disse que estava no show do Pitbull e me falou que estação que eu tinha que ir pra poder me encontrar com ele após o show. Peguei o metrô de graça como sempre.
Madrugada de sexta-feira para sábado, meia noite. Ele chega na determinada estação e procura o local onde seria o tal show do Pitbull, acha. O lugar estava cheio, custava mil e quinhentos dinheiros para poder entrar e ele tinha só seissentos, não entraria, não queria. Avistou de longe amigos do lado de fora do show e ficou lá com eles. Tentou entrar no show de graça mas não conseguiu, o número de seguranças era muito grande a chance de ser descoberto era maior ainda.
Madrugada de sexta-feira para sábado, duas da manhã. O show do Pitbull acaba, todos os intercambistas saem da boate e se encontram para decidir pra onde ir agora. Mi Casa, esse seria o lugar.
Mi Casa é uma boate latina, famosa por tocar salsa, funk carioca, reggaeton e outras músicas desse tipo.
Eu achei os intercambistas quando eles sairam do show do Pit e decidimos ir para a Mi Casa. Peguei um taxi com a vóz do além que agora já havia encarnado em seu corpo terrestre, fomos em cinco dentro do taxi. O Felipe sentou no banco da frente e me deixou no banco de trás com três meninas, um delas era uma canadense loirinha e pequenininha, ela sentou no meu colo. Levaria quinze minutos aproximadamente para chegar à boate, a canadense disse que estava com sono e que só uma dose de tequila acordaria ela, eu disse que tinha uma idéia melhor e agarrei ela, agora sim eu tinha certeza de que meu final de semana estava começando. Chegamos na boate.
O que fazer agora? Se eu pagasse a entrada eu não voltava pra casa, eis que surge um anjo em forma de ser humano, o mesmo que me arranjou uma casa em Taipei e fala: "Não se preocupa não rapaiz, pega aqui, mil nts." sim, ele me deu milzinho pra que eu entrasse na balada sendo que o ticket de entrada custava trezentos e ele sabia disso. Eis que aparece um mexicano todo organizado e engomado dizendo que era pra fazer uma fila ao lado dele, ele havia conseguido uma mesa para nós. Eis que surgiu uma problema, eu havia esquecido a minha carteira de identidade falsa. Olhei pro mexicano e nem precisei falar nada, ele sacou a carteira dele do bolso e me emprestou o cartão do seguro médico que serve como comprovante de que eu sou maior de idade. Entrei e fui direto pro bar com a canadense, pedimos umas tequilas e conversamos um pouco antes de ir pra pista dançar. Dancei, dancei, dancei, cansei. Arrastei ela pro sofá e ficamos lá se beijando e conversando e bebendo mais um pouco. Descobri que os barmans da Mi Casa sabem o que é um Screwdriver e que o Vodka Lime da lá é bem melhor que o da Passoul, é mais ácido, tem mais limão.
Amanhã eu continuo a história.
Beijos beijos.
Lucas Casasco, um brasileiro em Taiwan.